Experimento Noir é um espaço de troca de experiências e experimentos que bebam da fonte do gênero noir.
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sábado, 23 de junho de 2012

Fear in the Night - 1947

Fear in the Night - 1947
72 min - USA
Crime | Drama | Filme Noir
Diretor: Maxwell Shane
Estrelando: Paul Kelly, DeForest Kelley, Ann Doran

http://www.imdb.com/title/tt0039372/


Baseado na história de Cornell Woolrich, vemos o confuso Vince Grayson (DeForest Kelley), que acorda de um pesadelo perturbador em que ele esfaqueia um homem com um furador em um armário. Embora o crime sangrento parecia apenas um pesadelo, Vince encontra em seu bolso um botão e chave que ele viu no sonho, e percebe hematomas no pescoço, os quais sugerem que o evento realmente aconteceu. Ele busca a ajuda do parente e detetive Cliff Herlihy (Paul Kelly), que zomba dos medos imaginados por Vince, mas como a evidência cresce, ele começa a ter dúvidas quanto a veracidade do assassinato.
 Cliff começa a investigar o caso após as tentativas de suicídio de Vince, encontrando o marido traído Lewis Belnap que poderia ter hipnotizado Vince para matar a esposa e seu amante.

Tentando desvendar o mistério, Cliff ainda tenta fazer Lewis hipnotizar Vince a fim de incriminá-lo, o que quase gera o suicídio de Vince em um lago.

A trama é descoberta com o triste fim do culpado, mas Vince ainda tem de prestar contas com a justiça a fim de tentar livrar-se da culpa não intencional.
Trata-se de uma adaptação fiel, com atuações muito boas, como Vince, um indivíduo reprimido mas honesto em seus princípios, lutando em conflito com sua consciência sensível.

São explícitas as crises de culpa do suposto assassinato cometido pelo protagonista, e o questionamento durante o filme de uma espécie de força maior imperando sobre os atos humanos independente de sua conduta. 

Mas tal sensibilidade vai mais além, pois há inclusive uma questão implícita que mostra o caráter homossexual de Vince que sugere a razão de sua sensibilidade, onde a maneira de lidar com seu comportamento inadequado é suprimir a consciência em memórias fragmentadas vistas nos sonhos ou mesmo por meio de um transe hipnótico. Percebe-se em diversas cenas a sugestão de atos homossexuais retratados na obra de Woolrich.

Aliás, a hipnose que leva Vince a quase afogar-se é brilhante, onde o rosto de Vince aparece refletido no relógio de Belnap. Linhas pretas atravessam a imagem, dando-lhe um olhar estilhaçadom fragmentado, diminuindo seu auto-controle, levando a deslizar na água do lago onde lhe foi sugerido o caminho para apaziguar suas culpas e medos.

A paranóia da culpa e a fragilidade que faz do personagem marionete em mãos criminosas é o tema corrente deste filme, por sinal muito bem interpretado por DeForest. 

Cartazes Fear in the Night - 1947

To Kill a Dead Man - Portishead



Curta-Metragem: To Kill a Dead Man
10:32 Min - 1994
Ideia original e música: Portishead.
Fotografia e Direção: Alexander Hemming.
Estrelando: Geoff Barrow, Tim Bishop, Beth Gibbons, Dave McDonald, Richard Newell, Adrian Utley



A banda de Trip-Hop Portishead realizou seu primeiro trabalho musical mas não exatamente um disco, e sim o curta-metragem To Kill a Dead Man.

É sobre um assassinato em que a intriga e mistério envolvem os protagonistas. 



Filmado em preto e branco, é muito bem feito e tem seus pontos fortes: as cenas muito bem construídas, bela fotografia com atmosferas sombrias, o curta é mudo todo o tempo, voltado mais à linguagem cinematográfica, ressaltando a tensão e as expressões dos personagens.

Pelo que pude recolher de informações, o filme foi feito em 1991 e lançado em 94, o ano em que a banda lançou o Dummy, seu primeiro álbum. To Kill a Dead Man aparece então como um bônus no Roseland NYC Live DVD lançado em 2002.

Não diria que é uma obra-prima. Se fosse classificar com alguma influência noir, pensando nas 3 fases a que os críticos o colocam, diria que faz parte da terceira fase, onde a paranóia é o tema central a partir da cena do assasinato.


Pode ser preconceito de minha parte, mas certos experimentos ficam carregados de dramaticidade e esse minimalismo contemporâneo me parece perder em muito do glamour dos filmes dos anos de ouro do noir, mas é interessante conhecer o trabalho, além da música que parece ter encaixado muito bem com as cenas.