Experimento Noir é um espaço de troca de experiências e experimentos que bebam da fonte do gênero noir.
Participe para saber mais e envie a sua colaboração. Após análise, publico com crédito do experimentador.


terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

14 Hours - 1951

Fourteen Hours (Quatorze Horas) - 1951
92 min - Estados Unidos
Drama | Filme Noir
Diretor: Henry Hathaway
Estrelando: Paul Douglas, Richard Vasehart, Barbara Bel Geddes, Grace Kelly

http://www.imdb.com/title/tt0043560/


No YouTube, em 6 partes e legenda em espanhol:








Fourteen Hours é uma adaptação de uma história real, retirada de um artigo do New Yorker sobre a tentativa de suicídio de Joel Sayre.

Robert Cosick (Richard Basehart) é um jovem desesperado, em conflito pelas relações 
pouco amigáveis com seus pais e a dúvida quanto ao amor de sua namorada Virginia. 

Sobre o parapeito de um edifício no centro de Nova York, Cosick posiciona-se e ameaça saltar, afim de cometer suicídio

Nas próximas 14 horas - garoto difícil de convencer, hein! -, o policial Dunnigan (Paul Douglas) tenta acalmá-lo, procurando uma maneira de convencê-lo que vale a pena viver, enquanto seus colegas conduzem uma investigação desesperada para descobrir quem é o homem e o que o levou a tal ato. 

Limitando a ação quase que inteiramente no parapeito do prédio, o quarto de hotel ao lado e as ruas repletas de curiosos, carros e a imprensa abaixo, o diretor Henry Hathaway mantém a tensão alta e habilmente tece uma série de subtramas envolvendo as outras testemunhas para o drama, incluindo Kelly como uma mulher em meio a um processo de divórcio que é profundamente afetado pelo desdobramento do caso de suicídio que ocorre fora da janela tribunal, desenrolando-se um paralelo entre sua decisão de romper seu casamento enquanto um homem está prestes a jogar fora sua vida.

O drama desenrola-se entre a multidão na rua em frente ao edifício assistindo ao espetáculo, enquanto ocorrem as conversas entre o rapaz e o policial. Hathaway inclui ainda, em meio a tal clima tenso, mostrar um romance que parece nascer do encontro casual de Debra Paget e Jeffrey Hunter no meio da multidão.  


A tensão quanto ao suicídio e se o policial conseguirá ser bem-sucedido em dissuadí-lo do intento são constantes. As amplas tomadas da Manhattan repleta de pessoas que transitam diariamente agora perplexas à frente do edifício e as tentativas de oficiais de se relacionar em um nível pessoal com o jovem perturbado, torna o suspense cada vez mais envolvente. Um por um, os amigos e familiares são trazidos - mas eles só parecem aumentar o problema. Apenas Charlie Dunnagan parece ter algum sucesso, e por quatorze horas, ele fala com o jovem sem descanso.

Fourteen Hours tem como destaque a estréia de Grace Kelly no cinema apesar do pequeno papel. Trata-se de um bom drama bem filmado, merecendo o conhecimento e apreciação do espectador.

Cartazes 14 Hours - 1951





segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

GALERIA - The Killers (1946)

Creio que os visitantes mais assíduos do blog já perceberam minha queda não só pelo estilo do gênero noir, mas uma paixão por imagens, mais reveladas a partir dos cartazes que faço questão de pesquisar e disponibilizar no blog afim de que o visitante possa apreciar mais esta arte que descreve e complementa como divulgação do filme.


Para incrementar ainda mais essa viagem visual, resolvi a partir de hoje criar um espaço denominado Galeria, onde pretendo selecionar uma série de cenas dos filmes, destacando a forma expressionista da luz e sombra, cenas marcantes e as expressões dos diversos atores que abrilhantaram o cinema com cenas memoráveis. Ao longo dos posts, estou pensando em uma forma mais interessante de apresentação das imagens, que por hora ficarão sem muito refino.


Espero que o visitante aprecie esta viagem quadro a quadro e percebam as interferências provocadas pela luz , os detalhes dos cenários que contribuem para o clima intenso das cenas e mesmo a sensação do personagem revelados em closes inquietantes. 


Para começar, aproveitei o post mais recente de The Killers para inaugurar o espaço, com a lindíssima Ava Gardner e o galã Burt Lancaster como protagonistas do clássico de Robert Siodmak.


Ava Gardner no papel de Kitty Collins:





Burt Lancaster como Ole "Swede" Anderson.



E cenas maravilhosas do filme, demonstrando o detalhismo dos cenários e a luz contrastante  no olhar hábil de Siodmak.















domingo, 19 de fevereiro de 2012

Robert Siodmak

Dresden - Alemanha - 8 de agosto de 1900. | Locarno - Suíça - 10 de março de 1973.

Filho de pai banqueiro alemão, durante uma viagem com a esposa, Robert Siodmak foi criado e educado na Alemanha e se tornou um ator depois de se formar pela Universidade de Marburg. Sua falta de sucesso no palco o faz por um breve tempo ingressar na carreira de bancário, porém em 1926 resolve entrar no negócio de filmes como um tradutor de inter-títulos em filmes americanos. 

Siodmak tornou-se um editor em 1926 e três anos depois, em Menshen am Sontag, ele fez sua estréia como diretor, por sinal muito bem acompanhado por um seleto grupo, como o já diretor Edgar G. Ulmer, o futuro diretor Fred Zinnemann como o co-diretor de fotografia, e seu irmão mais velho Curt Siodmak e ainda Billy Wilder, estes trabalhando como roteiristas. 

Roberto Siodmak estabeleceu-se como diretor na Alemanha, mas a ascensão do partido nazista forçou-o ao exílio em Paris, onde continuou fazendo filmes. Robert quase não conseguiu sair à frente da França da ocupação alemã em 1940.

Depois de chegar a Hollywood, Siodmak trabalhou em filmes B. Em 1943, dirigiu Son of Dracula, considerado o melhor dos filmes de terror pela Universal, e seu sucesso se destaca pela fotografia, e os resultados foram imediatamente evidentes no drama sombrio como Phantom Lady, The Spiral Staircase (geralmente considerado o melhor filme de Siodmak), e The Killers, um exemplo marcante de filme noir, que desempenhou um papel fundamental nas carreiras iniciais de Burt Lancaster e Ava Gardner. Siodmak também dirigiu o estranho A Dark Mirror, sobre gêmeos idênticos, um dos quais é um assassino psicopata, que hoje é um filme noir altamente considerado. 


Para Andrew Sarris, os filmes que Siodmak produziu na América são ainda mais germânicos do que seus filmes alemães, cheio de cenas escuras e toques atmosféricos. Todos possuem uma qualidade seriamente inquietante sobre a visão repetida. 

Siodmak deixou a América após 1953, para retomar sua carreira na Europa, retornando primeiro a França e depois para a Alemanha. 

Seu último filme noir, Deported (Duas Confissões), dirigiu em 1950 pela Paramount.

Em 1952 voltou a trabalhar com Burt Lancaster na popular comédia de ação The Crimson Pirate (O Pirata Vermelho), filmado na Europa.

Siodmak permaneceu na Europa realizando longas-metragens para produtores alemães, ingleses e americanos até sua morte em 1973.
Como seus colegas expatriados da Alemanha (Otto Preminger, Fritz Lang e Billy Wilder) o cinema de Siodmak tem como característica o estilo expressionista alemão e deu um sentido europeu para filme noir. Ele dirigiu alguns dos noirs mais influentes na década de 40, incluindo The Killers e Criss Cros, ambos com Burt Lancaster. Destacam-se ainda, na lista de filmes noir: Phantom Lady (1944), Christmas Holyday (1944), The Suspect (1945), Uncle Harry (1945), The Spiral Staircase (1945), The Dark Mirror (1946), Cry of the City (1948) e The File on Thelma Jordan (1949).
Filmografia:

  • Menschen am Sonntag(1929)
  • Abschied(1930)
  • Der Mann, der seinen Mörder Sucht (1931)
  • Voruntersuchung (1931)
  • Sturme der Leidenschaft (1932)
  • Le Sexe Faible (1932)
  • Quick (1932)
  • Brennendes Geheimnis (1933)
  • La Crise est finie (1934)
  • La Vie Parisienne (1935)
  • Cargaisons Blanches (1937)
  • Mollenard (1938)
  • Pieges (1939)
  • West Point Widow (1941)
  • Fly-by-Night(1942)
  • My Heart Belongs to Daddy (1942)
  • The Night Before the Divorce (1942)
  • Someone to Remember (1943)
  • Son of Dracula(1943)
  • Phantom Lady(1944)
  • Cobra Woman(1944)
  • Christmas Holyday(1944)
  • The Suspect(1945)
  • Uncle Harry (1945)
  • The Spiral Staircase(1945)
  • The Killers(1946)
  • the Dark Mirror1946)
  • Time Out of Mind (1947)
  • Cry of the City(1948)
  • Criss Cross(1948)
  • the Great Sinner (1949)
  • The File on Thelma Jordan(1949)
  • Deported (1950)
  • The Whistle at Eaton Falls (1951)
  • The Crimson Pirate(1952)
  • Le grand jeu(1954)
  • Die Ratten(1955)
  • Mein Vater, der Schauspieler (1956)
  • Nachts wenn der Teufel kam(1957)
  • Katia (1959)
  • Dorothea Angermann (1959)
  • The Rough and the Smooth (1959)
  • Der Schulfreund (1960)
  • L'Affaire Nina B. (1961)
  • Escape from East Berlin(1962)
  • Der Schut (1964)
  • Der Schatz der Azteken (1964)
  • Die Pyramide der Sonnengottes (1965)
  • Custer of the West(1967)
  • Der Kampf um Rom (1969)

Fontes: 
http://www.answers.com/topic/robert-siodmak
http://en.wikipedia.org/wiki/Robert_Siodmak
http://www.imdb.com/name/nm0802563/
Filme Noir - Alain Silver & James Ursini / Paul Duncan - Taschen

The Killers - 1946

The Killers (Os Assassinos | Brutalidade) - 1946
103 min - Estados Unidos
Crime | Drama | Filme Noir
Diretor: Robert Siodmak
Estrelando: Burt Lancaster, Ava Gardner, Edmond O'Brien


http://www.imdb.com/title/tt0038669/


Já escrevi em um post anterior sobre as fases do noir segundo o crítico Paul Schrader e gosto de reforçar a informação para que possamos não só apreciar essas belas produções como ainda situar  e entender melhor a o noir. Neste caso, The Killers é considerada uma produção "da segunda fase, entre 1945 e 1949, influenciado pelo Pós-guerra, tendo como características marcantes o crime, a corrupção, heróis menos românticos, realismo e desilusão" (Notes on Film Noir, 1972).

Sinopse: Dois assassinos profissionais invadem uma pequena cidade e matam o frentista de posto de gasolina Ole Andreson, conhecido como o "Sueco" (Burt Lancaster), que na verdade é um ex-campeão de boxe e aguarda a vinda dos assassinos, ciente do que está por vir. O investigador Jim Reardon persegue o caso contra as ordens de seu chefe, que considera um caso trivial e sem maior importância. Seguindo pistas sobre a vida do Sueco, Reardon revela um uma intrincada rede de traição e crime ligada à máfia,  vinculado a linda e misteriosa Kitty Collins (Ava Gardner).

The Killers é baseado no romance de Ernest Hemingway e começa com o assassinato e segue todo o tempo em flashback onde, por meio dos conhecidos do boxeador, Reardon vai construindo a história que levará a desvendar os fatos que revelem a causa do crime.
Na verdade, o Sueco parece um homem muito simples e até inocente, que teve sua carreira de boxeador interrompida devido a uma lesão na mão direita e acaba por envolver-se com um grupo perigoso de bandidos, devido a sua fixação por Kitty, também envolvida na trama, ainda que em nenhum momento este tenha seu interesse retribuído. Essa fixação o faz inclusive deixar-se ir à prisão para defendê-la do roubo de jóias e mesmo participar de roubos com o grupo.


Um dos roubos rende uma grande quantia, e convencido por Kitty de que a gangue o enganará, Sueco arma uma emboscada e foge com o dinheiro. Esta será sua sentença de morte, mas revelará ainda outros fatos como o paradeiro do dinheiro e mesmo a busca por Kitty, entre situações tensas e violentas na caçada pela verdade que Reardon não se cansa de perseguir.


O filme é muito rico em detalhes, com uma bela fotografia muito contrastada, algumas tomadas em ângulos que destacam o cenário junto aos acontecimentos, além de belas atuações que fará o espectador por vezes perder o fôlego. As tomadas nem sempre ocorrem em cenas noturnas, porém o contraste parece manter um clima de sonho e mistério, como algo ainda a ser revelado.

Burt Lancaster tem sua estréia em The Killers, com uma atuação sem grandes textos ou comprometimento das cenas, e sua imagem já mostra-se promissora por destacar-se em algumas tomadas em close.

Kitty é a femme fatale, uma linda mulher tanto quanto audaz e perigosa, manipulando a todos a fim de manter uma vida de conforto em meio a fase social em crise do pós-guerra. Ela usa seu charme e perspicácia para manter-se ilesa, ainda que o destino também lhe prepara uma amarga surpresa. Em The Killers, podemos dizer que a mensagem final seria que o crime não compensa.
Te Killers foi um grande sucesso de bilheteria e indicado para 4 Oscars - Melhor Diretor, Melhor Edição (Arthur D. Hilton), Melhor Roteiro Original (Anthony Vieller) e Melhor Trilha Sonora (Miklos Rozsa) - ainda que tenha saído de mãos vazias.