Experimento Noir é um espaço de troca de experiências e experimentos que bebam da fonte do gênero noir.
Participe para saber mais e envie a sua colaboração. Após análise, publico com crédito do experimentador.


sábado, 29 de outubro de 2011

Os Anos de Ouro da Pulp Fiction Portuguesa

Os Anos de Ouro da Pulp Fiction Portuguesa
Os Melhores Contos do Séc XX
416 páginas
Editora Saída de Emergência


"Poucos o sabem, mas a literatura de pulp fiction, que marcou toda a cultura popular dos EUA na primeira metade do século XX, também esteve presente em Portugal, e em força. Num trabalho notável de pesquisa, Luís Filipe Silva organiza a primeira antologia com a melhor pulp fiction portuguesa do século XX. Incontáveis horas em bibliotecas, alfarrabistas e colecções particulares deste e do outro lado do Atlântico, resultaram numa obra que recupera um género injustamente esquecido mas que marcou várias gerações de portugueses. (Diário Digital - 24/10/2011)


Edição "Os Anos de Ouro da Pulp Fiction Portuguesa".


Já comentei em diversos posts sobre a grande influência das Pulp Magazines na formação do gênero Noir.


E eis que surge de terras lusitanas, da pesquisa profunda de Luís Filipe Silva, autor de vários livros e contos no gênero fantástico, conhecido também  no Brasil por organizar a antologia Vaporpunk, junto com Gerson Lodi-Ribeiro.


Luís Filipe Silva


Reunindo os melhores contos pulp escritos no século XX por autores lusófonos dos dois lados do Atlântico, apresenta diversas histórias com tramas para todos os gostos: space opera, piratas, policiais hardboiled, faroestes, espada & feitiçaria etc.


Os títulos inseridos nesta edição:

  • O Segundo Sol por Ruy de Fialho
  • A Expedição dos Mortos por Joachim Hunot
  • A Ilha por João Henriques
  • Pena de Papagaio por A. M. P. Rodrigues
  • O Sentinela e o Mistério da Aldeia dos Pescadores por Orlando Moreira
  • Horror em Sangue por Cristo de Maxwell Gun
  • O Inconsciente por Tiago Rosa
  • A Noite do Sexo Fraco por Ludovico Bombarda
  • Pirata por um Dia por Sónia Louro
  • Valente por Fausto Boamorte
  • O Amaldiçoado por Ish-Tar de Artur de Carvalho
  • Noites Brancas por Ana Sofia Casaca
  • Mais do Mesmo! por João Barreiros

O lançamento oficial ocorrerá durante o Fórum Fantástico 2011, de 18 a 20 de novembro, em Lisboa. Para quem deseja encomendar antecipadamente seu exemplar, poderá fazê-lo pelas livrarias de Wook (esta pesquisei o título mas ainda não se encontra disponível na lista, porém há um link em pdf que apresenta a edição e uma vasta entrevista com Luís Felipe) e Bertrand, ou pela Fnac, todos de Portugal.


No site Diário Digital, há uma entrevista com Luís Felipe Silva que conta a origem das Pulp em Portugal, nos início dos anos 40, e ainda toda sua trajetória de pesquisa e compilação dos contos, resultando neste grande trabalho.


Pedidos:


Bertrand, por 16,97 Euros: http://www.bertrand.pt/ficha/os-anos-de-ouro-da-pulp-fiction-
portuguesa?id=11448909


Wook: http://www.wook.pt/


Entrevista: http://recursos.wook.pt/recurso?&id=2909866


Referências:


Diário Digital: http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=4&id_news=538126


http://bang.saidadeemergencia.com/index.php?topic=1480.0


http://www.saidadeemergencia.com/index.php?page=Books.BookView&book_id=756&genre=

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Bonnie and Clyde - 1967

Bonnie and Clyde
(Bonnie e Clyde - Uma Rajada de Balas)
112 min - EUA
Biography | Crime | Drama
Diretor: Arthur Penn
Atores: Warren Beaty, Faye Dunaway, Michael J. Pollard, Gene Hackman


http://www.imdb.com/title/tt0061418/


Talvez o leitor esteja se perguntando porque esta que lhes escreve optou por postar a respeito de Bonnie and Clyde, uma espécie de biografia meio que romanceada do casal Bonnie Parker e Clyde Barrow, os fora-da-lei que aterrorizaram os estados centrais dos Estados Unidos na época da Grande Depressão por serem os responsáveis por vários assaltos a bancos no início dos anos 30, e em 67 Warren Beaty e Arthur Penn conseguem produzir o filme que inicialmente foi ignorado ou muito criticado pela crítica e somente em um relançamento posterior é que conquistou importância para público e crítica além de faturar milhões para os envolvidos.


Fato é que, lendo "Como a Geração Sexo-Drogas-e-Rock'n'Roll salvou Hollywood", de Peter Biskind, que fala dos bastidores do cinema e como diretores reescreveram a Hollywood dos anos 70, Bonnie and Clyde é apontado como um dos que fizeram a indústria cinematográfica tremer, devido a tomada de novos nomes com suas mentes criativas buscando revolucionar os conceitos e a forma de apresentar ao público sua histórias.


Como diz Susan Sontag: "Foi um momento muito específico nos 100 anos da história do cinema, pensar, falar sobre cinema tornou-se uma verdadeira paixão entre estudantes universitários e outros jovens. Você se apaixonava não pelos atores, mas pelo próprio cinema." (Como a Geração Sexo-Drogas-e-Rock'n'Roll salvou Hollywood - página 16).

Com a empolgação em torno do cinema na época, em especial na cabeça de jovens comuns e aspirantes a cineastas, Bonnie and Clyde passou por um tempo de maturação, eu diria, desde a incansável e árdua insistência de Warren Beaty em conseguir algum financiamento para sua produção, além de convencer os grandalhões de Hollywood que tratava-se de uma boa história que culminaria em um sucesso de bilheteria.

Esta afirmação baseava-se em que Bonnie e Clyde eram muito populares, sendo sempre citados por serem conhecidos de alguém que os viu, sendo inclusive tema de Hallowween para as crianças, como conta Benton, da Revista Esquire(idem - página 27).



Ocorre ainda que o sentimento da população em relação ao casal de bandidos real era de admiração, considerando-os heróis, algo muito semelhante ao sentimento relacionado aos gângsters que tomavam para si o poder, dinheiro e mulheres, numa época de plena penúria e desolação de uma população sofrida com a Queda da Bolsa na Depressão e a moral totalmente abalada.

E no caso do filme Bonnie and Clyde, é interessante perceber que apesar da violência em que inevitavelmente vão se envolvendo ao longo do caminho, resultando inclusive na dor da morte do irmão de Clyde quando de uma fuga e mesmo o final trágico do casal, vítima de uma traição inesperada, desde o início a proposta de ambos é de viver livremente, sem machucar ninguém, tomando para si o que consideram adequado e assim lhes basta.



Ambos são péssimos ladrões ou bandidos, há cenas em que os dois parecem duas crianças inocentes brincando de polícia e ladrão. É como se fosse um ato de rebeldia adolescente em relação ao mundo sem graça e de pouca oferta estimulante a que estes renegam e tomam para si a todo preço o caminho que desejam para suas vidas.

Sim, Bonnie and Clyde não é considerado um noir, não foi produzido em preto e branco com longas sombras ou apresenta uma voz off no início da trama. Mas tem aquela angústia latente, neste caso da não aceitação do lugar comum e o que a sociedade está disposta a oferecer; há as questões sociais do anos 60, como a ira do pai de Moss - o garoto que torna-se motorista da dupla por algum tempo - ao ver que este concordou em tatuar-se, supondo ter sido uma sugestão dos bandidos.


O garoto C.W. Moss (Pollard) , à direita como motorista da "quadrilha Bonnie and Clyde".

O filme é famoso tanto por sua montagem acelerada quanto por suas rápidas mudanças do tom da narrativa, passando rapidamente do humor para a intensa violência, não só dos atos criminosos como da ação policial em seu encalço para agarrá-los. 

O figurino remonta a década de 30 e relembra os gângsters que tomaram conta do comércio de bebidas, tomando o poder para si acima da lei, e não é o que o casal deseja, ser livre, ter o dinheiro fácil para ir e vir e divertir-se em meio a uma fuga que é o grande ponto de excitação que os une, uma vez que sexualmente tem dificuldade em encontrar-se?



Divagações a parte, o filme tornou-se muito popular nos anos 60 ainda que polêmico pela glorificação aos bandidos e pelo excesso de violência na tela. Ganhou 2 Orcars dos 5 que foi indicado e ainda é considerado pelo American Film Institute entre os 100 melhores filmes de todos os tempos.

Após ler o capítulo sobre o filme, não resisti em revê-lo e foi um prazer incrível após conhecer toda a dificuldade e insistência que profissionais do cinema aplicaram para realizar este bom filme. 

Noir ou não, parece que crime, drama, questões sociais e violência são correntes e vem a tona à sociedade em forma de obra cinematográfica, demonstrando que as apropriações, as releituras sobre modos de vida e questões que nos atormentam sempre retornam à discussão.

Desculpem se este post saiu demais ao tema do blog. O livro e filme me inspiraam a escrever, e ainda o vejo como um retrato da Depressão, o que estaria adequado à época do surgimento do estilo e as inquietações sociais vigentes.

Deixo abaixo alguns vídeos sobre a dupla que assombrou os Estados Unidos de 1931 a 1934.



Vídeos - Boonie and Clyde - 1967






Cartazes - Bonnie and Clyde







quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Key Largo - 1948

Key Largo (Paixões em Fúria) 
100 min - 1948 - EUA
Crime | Drama | Filme Noir
Diretor: John Huston
Atores: Humphrey Bogart, Edward G. Robinson, Lauren Bacall


http://www.imdb.com/title/tt0040506/






Este filme foi feito a partir de um roteiro adaptado de uma peça de 1939 por Maxwell, esta onde os bandidos eram mexicanos, durante a guerra Civil Espanhola e o mocinho (Frank) 
é um desertor que terá um trágico final. Huston junto a Richard Brooks escreve esta adaptação e dirige com maestria mais um filme trabalhado a partir de um roteiro de peça teatral, comparado inclusive a "The Desperate Hours", também a partir de uma peça e protagonizado por Bogart.


Na versão de 1948, Huston trás o ex-major Frank McCloud (Bogart) viajando para um hotel em Key Largo - a maior ilha da Flórida - para honrar a memória de um soldado que tinha ao seu comando e morreu em combate, onde pretende encontrar o pai do soldado, James Temple, a fim de apresentar seus respeitos, mantendo inclusive a história que o pai deseja ouvir de que seu filho é um herói de guerra.







Temple e a viúva Nora (Bacall) administram o hotel e o recebem muito bem, porém, como é comum na região, chega uma tempestade onde um furacão está a caminho, o que os deixa reclusos no local e leva Frank a descobrir que os visitantes hospedados no hotel, dizendo vir para uma pescaria, são na verdade os gângsters liderados pelo fugitivo Johnny Rocco (Robinson) que pretendem fazer uma entrega.








Uma vez descobertos, os gângsters assumem o hotel e colocam os administradores e Frank sob ameaças de violência. Frank é inclusive desafiado por Rocco a uma espécie de duelo, dando-lhe uma arma para testar sua coragem em tentar matá-lo, porém este recua - ao que parece, Frank abandona a ideia de violência pelas experiências amargas da guerra -  e aproveitará a oportunidade já distante do hotel, quando é forçado a ser o piloto do barco para que os gângsters possam sair da ilha.




Claro que um dos grandes motivos que farão Frank não atacar a gangue dentro do hotel refere-se a seu interesse por Nora e daí sua posição de poupá-la do perigo.


Há inclusive uma música interpretada por Bertie Higgins de 1981 que diz ser inspirada no casal deste filme. Breguinha, mas fica o registro para quem quiser conhecer :D







Este foi o último filme com a dupla Bogart-Bacall, que mostra uma situação tensa que parece não ter esperança de um final feliz, mas parece que o próprio tempo com seu furacão irá mudar o curso dos acontecimentos para que a justiça prevaleça.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Cartazes Key Largo - 1948

Nosso trio impracável - Bogart, Robinson e Bacall - volta a atacar neste Noir de John Huston.
Apreciem a diversidade de belos cartazes que divulgaram o filme.










segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Night Editor - 1946

Night Editor - 1946
68 min - EUA
Drama | Filme Noir | Crime
Diretor: Henry Levin
Atores: William Gargan, Janis Carter, Jeff Donnell


http://www.imdb.com/title/tt0038774/





Considerado um filme B Noir e o primeiro trabalho dirigido por Henry Levin, Night Editor tem suas origens nos pulp fictions além de um programa de rádio existente de 1934 a 1948, sendo Hal Burdick o editor da noite que recebia os pedidos dos leitores, contando histórias de guerra, aventura e crime em sua maioria.

O roteiro de Night Editor  baseou-se em um episódio do programa "Inside Story". A ideia era produzir uma série de histórias policiais contadas por um jornal fictício chamado "New York Star", mas a produção resumiu-se a um único episódio devido a falta de investimentos.

O filme acontece a partir de um jogo de pocker entre amigos onde o editor do New York Star conta sobre um policial, Guindast Stewart, envolvido em uma investigação de um assassinato. Este porém, está envolvido em uma relação extra-conjugal com uma mulher também casada, da alta sociedade. Ambos presenciam o crime numa noite em que se encontram estacionados em uma estrada solitária, mas não podem relatar o fato sem comprometer-se, ainda que o policial seja indicado para investigar o caso.



No decorrer da investigação, Stewart descobre que um homem inocente está prestes a assumir a culpa, e a única maneira que ele possa livrá-lo é para prender o assassino e se tornar uma testemunha contra ele.

Buscando os traços do noir, presenciamos o detetive ou policial em um dilema moral, uma femme fatale, cenas cheias de fumaça em escritórios e carros estacionados em valas solitárias na plena escuridão da noite e ainda a própria história contada em flashback, ainda que pelo editor do jornal, ao contrário do protagonista.

É interessante observar a atuação intrigante de Janis Carter como Jill, pois é a dama da alta sociedade que manipula desonesta e friamente as situações para conseguir o que pretende.
Janis se faz marcante na cena mais famosa do filme, onde Jill grita alucinada que quer ver o corpo após o assassinato presenciado, mas Cochrane reage saindo do local o mais rápido possível, assustado tanto pelo frenesi de seu caso quanto pelo assassinato em si.

O policial Tony Cochrane é o protagonista noir que tem tudo o que quer e não é feliz apesar de tudo, até cair em uma espécie de armadilha que o levará a perceber tudo o que poderá perder daí em diante. Ele passa a maior parte do tempo tentando limpar pistas que possam ligá-lo ao crime além da culpa que o persegue quando da aparição do homem inocente que será condenado a morte.





Fontes: 
http://www.imdb.com/title/tt0038774/

http://en.wikipedia.org/wiki/Night_Editor

http://www.noiroftheweek.com/2010/05/night-editor-1946.html

http://twentyfourframes.wordpress.com/2010/10/21/night-editor-1946-henry-levin/